14/06/2013

Violência policial

Um comentário brevíssimo, e ainda assim, completo, sobre a violência policial em São Paulo

Roberto Lameirinhas, editor de Internacional do jornal O Estado de S.Paulo

Já vi vários protestos da oposição na Venezuela - ressalto, VENEZUELA - com quase 100 mil pessoas exigindo a queda de Chávez. A Guarda Nacional sempre acompanhando tudo de perto, sem incidentes violentos. E olha que a gente de lá é "sangue nos olhos". Talvez a nossa brava corja de meganhas tenha muito o que aprender por lá.

 

PS: aproveito o mesmo espaço para publicar trechos de post do José Dirceu no blog dele, com um conselho fundamental para o Fernando Haddad:

 

O que aconteceu ontem em São Paulo não pode ser aceito

Não há como não condenar e denunciar a repressão às manifestações do Movimento Passe Livre. Isso não significa em hipótese alguma concordar ou apoiar a violência de determinados manifestantes ou grupos políticos que participam dos atos, ou mesmo com a proposta de tarifa zero, o chamado passe livre.

Mas o que aconteceu ontem em São Paulo não pode ser aceito. Não podemos nos silenciar ou, pior, apoiar. Temos que denunciar.

Suspeito que a Polícia Militar tenha provocado ontem o desfecho a que assistimos pela TV ao vivo durante horas [...]

A PM reagiu com forte violência à quarta manifestação do MPL na cidade, principalmente na região da rua da Consolação, por volta das 19h. Mais de 200 pessoas foram detidas. Dezenas foram feridas com balas de borracha, incluindo jornalistas que estavam trabalhando no local e pessoas que não participavam do ato.

É preciso negociar
O transporte público em São Paulo é ruim e precisa melhorar. A tarifa já é subsidiada e já temos o passe livre para idosos e tarifa especial para estudantes. Precisa urgentemente melhorar, e muito. Por isso mesmo, as manifestações são justas e um direito democrático garantido, sem a violência [...].

É preciso negociar com o MPL. Quem deve tomar a iniciativa é o prefeito da cidade, Fernando Haddad. Dialogar e envolver toda a cidade e entidades organizadas no debate e na busca de saídas para a situação do transporte e para a questão específica do preço da passagem. E mais do que isso: aproveitar para discutir a gravíssima situação da segurança pública e a atuação inaceitável da Polícia Militar e do governo do Estado.

[...] Minha posição até ontem tinha sido de desconfiança e mesmo antipatia com o movimento, pelos brotes de violência desnecessária – sem, no entanto, ser cúmplice com a repressão policial que conhecemos, sempre descabida, típica da concepção da PM que sobreviveu à ditadura.

Hoje me coloco frontalmente contra a repressão e espero que o movimento se reorganize e pacificamente lute e conquiste um transporte melhor para os trabalhadores da nossa São Paulo. Mas sem violência [...]

 

Leia também:

 

Os estudantes entre o molotov e a utopia | Por Maria Cristina Fernandes

 

Nota da Executiva Municipal do Partido dos Trabalhadores