20/02/2013

International Higher Education

Mapeando a internacionalização: atividade acelerada com resultados variados

Patti McGill Peterson e Lindsay Mathers Addington
Patti é conselheira presidencial para Inciativas Globais do Conselho Americano para a Educação. E-mail: PPeterson@acenet.edu. Lindsay é especialista sênior de programas do Conselho Americano para a Educação. E-mail: LAddington@acenet.edu. Baixe o relatório e os documentos que o acompanham no endereço www.acenet.edu/go/mapping
É essencial compreender como as instituições americanas de educação superior estão se internacionalizando – para atender à meta de preparar seus formandos para vidas produtivas numa sociedade cujo funcionamento ultrapassa, cada vez mais, as fronteiras internacionais. Uma abordagem estratégica e abrangente para a internacionalização é fundamental para o cumprimento deste objetivo.
 
Avaliando a internacionalização nos campi americanos
Para analisar a realidade nos campi americanos, o Conselho Americano para a Educação fez recentemente um levantamento das instituições credenciadas e qualificadas para a concessão de diplomas, a fim de avaliar o estado atual da internacionalização e examinar o progresso alcançado desde a última vez em que uma pesquisa semelhante foi realizada, em 2006. Sendo o terceiro relatório do tipo num período de dez anos, o Mapeamento da Internacionalização nas Universidades Americanas: Edição 2012 representa o único conjunto abrangente de dados a respeito da internacionalização nas instituições americanas de educação superior em todos os setores.
 
A pesquisa avaliou a internacionalização e os esforços globais de faculdades e universidades em seis áreas principais, com base na definição de internacionalização abrangente apresentada pelo Centro para a Internacionalização e Envolvimento Global: um processo coordenado que busca alinhar e integrar políticas, programas e iniciativas internacionais em várias dimensões. Estas incluem a articulação do compromisso institucional; a estrutura administrativa e o conjunto de funcionários; os currículos, cursos complementares e resultados do aprendizado; políticas e práticas do corpo docente; mobilidade dos estudantes; e a colaboração internacional e as parcerias.
 
Avanços positivos na internacionalização abrangente
Entre as descobertas mais notáveis dos dados de 2011 está o fato de a percepção das instituições em relação ao nível das atividades de internacionalização em seus campi ser bastante positiva, com a maioria delas relatando que os esforços de internacionalização estão aumentando em seus campi.
 
Mais atenção tem sido dedicada à internacionalização de certos aspectos do currículo. Em 2011, um aumento modesto (4%) ocorreu entre as instituições exigindo que os alunos de graduação fizessem um curso voltado para tendências e questões globais como parte do programa geral de ensino. Ainda mais significativos foram os aumentos observados, em todos os setores, de instituições que desenvolvem resultados de aprendizado dos estudantes globais – o aumento foi de 10% em relação a 2006. Das instituições que têm tais resultados, a maioria os mede principalmente por meio de avaliações dos cursos ou dos programas de ensino. A avaliação do progresso reforça o compromisso coordenado com a internacionalização. Todos esses são sinais positivos para a internacionalização do currículo.
 
Um maior número de instituições está levando em consideração o currículo, a experiência e o interesse internacional na contratação de membros do corpo docente para áreas que não são explicitamente globais ou internacionais. Das instituições, 68% indicaram ter este tipo de preferência, um aumento expressivo em relação ao total de 32% das instituições que o faziam em 2006. O corpo docente desempenha um papel crucial no cumprimento da meta final da internacionalização abrangente – o aprendizado dos estudantes – e as práticas de contratação são um indicador importante de que as instituições reconhecem a autoridade do corpo docente neste processo.
 
A mobilidade estudantil continua a ser um foco, com um maior número de instituições dedicando financiamento e recursos a esta área. Mais instituições estão investindo no envio de estudantes domésticos ao exterior, por meio da oferta de bolsas de estudos institucionais para serem usadas nesse sentido. Em 2011, 9 de cada 10 instituições de doutoramento ofereciam financiamento deste tipo; entre as instituições de mestrado e bacharelado a incidência era de dois terços; entre as instituições de foco complementar e especial, um quarto. Além disso, um maior número de instituições está financiando membros do corpo docente para que estes levem estudantes ao exterior, em relação aos anos anteriores. Analisando a mobilidade estudantil de outra perspectiva – o fluxo de entrada de estudantes estrangeiros – um maior número de instituições também está dedicando recursos a esta iniciativa. A maioria das instituições de doutorado, mestrado e bacharelado ofereceu bolsas ou outra forma de auxílio financeiro para estudantes de graduação vindos do exterior em 2011, e mais instituições financiaram viagens de funcionários com o objetivo de recrutar esta população de estudantes. Ao todo, 31% das instituições financiam viagens deste tipo – proporção que varia de 13% nas instituições de foco especial até 78% das instituições de doutoramento.
 
Faculdades e universidades reconhecem que o ensino global é fundamental para suas missões, mesmo levando em consideração a intensa pressão orçamentária vivenciada por elas nos últimos anos. Entre as instituições que relatam um foco acelerado na internacionalização, desde 2008, o financiamento para tais esforços aumentou ou se manteve constante em muitas delas. Entretanto, apesar dos recursos dedicados e do progresso obtido em certas áreas, os resultados do levantamento esclarecem quais elementos dos campi americanos podem ser melhorados.
 
Preocupações com a internacionalização abrangente
Embora a percepção da internacionalização tenha sido positiva e certas áreas tenham apresentado melhorias, o otimismo generalizado nem sempre tem raízes na realidade, como mostrado por algumas descobertas do levantamento.
 
Certas tendências preocupantes chamam a atenção nos dados a respeito dos currículos, levantando o problema da profundidade versus abrangência. Apesar dos discretos aumentos no número de instituições que oferecem cursos voltados para questões globais, as instituições que exigem dos alunos de graduação que participem de cursos com base nas perspectivas e questões de outros países e regiões diminuíram de número em todos os setores, assim como ocorreu entre as instituições que exigem d os alunos de graduação a participação em cursos de língua estrangeira. Estas são áreas essenciais, se as instituições realmente quiserem promover metas globais de aprendizado para os estudantes.
 
Embora ganhos positivos tenham sido observados na contratação de membros do corpo docente com experiência internacional, houve uma redução no número de instituições que financiam o corpo docente na aquisição ou no aprofundamento do seu conhecimento e habilidades internacionais. Em 2011, por exemplo, foi observado um decréscimo no número de instituições que financiam o corpo docente para estudar ou pesquisar no exterior, e na oferta de oportunidades dentro do campus, como workshops sobre a internacionalização do currículo. A proporção das instituições que têm parâmetros especificando o trabalho internacional ou a experiência no exterior como fator na promoção de membros do corpo docente, e nas decisões relacionadas às suas responsabilidades profissionais, permaneceu a mesma – os mesmos 8% observados desde 2006. Isto contrasta com a disposição das instituições de levar em consideração estes fatores na contratação dos membros de seu corpo docente.
 
Embora os esforços de recrutamento de estudantes estrangeiros estejam ganhando força, os dados não mostraram um aumento consumado nos serviços de apoio a esta população de estudantes nem nas atividades que facilitam a interação e o aprendizado mútuo envolvendo seus pares americanos. A internacionalização abrangente exige um planejamento cuidadoso para a integração e o apoio aos estudantes estrangeiros na vida do campus.
 
Conclusão
Numa era de orçamentos apertados e demandas concorrentes, as instituições devem dar claramente prioridade às suas iniciativas e atividades de internacionalização. Como prova disto, os dados mostram que algumas faculdades e universidades estão agindo em certas áreas para aumentar o nível de internacionalização de seus campi. Entretanto, a internacionalização abrangente – processo que exige um compromisso profundo em toda a instituição, uma equipe dedicada de liderança sênior no campus e o apoio de vários grupos da vida universitária – não pode ser alcançada com a concentração em apenas um elemento, ou em uma série de peças isoladas.
 
No futuro, a comunidade do ensino superior americano terá de desenvolver e partilhar modelos bem sucedidos de internacionalização que melhorem os paradigmas tradicionais, mas que criem também novas maneiras de trazer o ensino global para os estudantes não tradicionais. No fim, as estratégias para a internacionalização de faculdades e universidades terão de refletir o ambiente global em rápida transformação.